Doenças

Ureterocele

O aparelho urinário é formado pelos rins, ureteres, bexiga e uretra. Os ureteres são estruturas tubulares que conectam os rins à bexiga. A uretra é a porção final do trato urinário, por onde a urina é expelida da bexiga, através da uretra, para o meio externo. O ureter é, normalmente, a extensão do sistema coletor do rim (bilateralmente), que irá implantar-se posterior e lateralmente na bexiga, no lado correspondente ao rim de drenagem.

Os ureteres são formados por uma camada mucosa (mais interna, a qual fica intimamente em contato com a urina), uma camada intermediária, formada por musculatura lisa, a qual é responsável pelos movimentos peristálticos do ureter (importantes para a drenagem da urina dos rins para à bexiga), e uma camada serosa, mais externa.

Ureterocele é o abaulamento da porção final do ureter (desenho). Ocorre mais comumente em meninas e em 10% dos casos são bilaterais. Muitas vezes estão associados a outras anormalidades anatômicas do aparelho urinário, as mais comuns são a duplicidade do sistema coletor do polo superior do rim, e o orifício de drenagem do ureter fora da bexiga (ureter ectópico).

Classificação: Intravesical (dilatação da porção final do ureter para dentro da bexiga) ou Ectópica (dilatação da porção final do ureter para fora da bexiga, na uretra ou no colo vesical).

A classificação relativa a função de drenagem do ureter afetado pode ser: Obstrutiva (quando é pequeno orifício de drenagem), Refluxiva (há refluxo de urina da bexiga para o rim) ou Normal (não obstrutiva e não refluxiva).

Como se diagnostifica a Ureterocele

A forma mais comum de apresentação da Ureterocele é a infecção urinária nos primeiros meses de vida. Algumas crianças têm seu diagnóstico feito em ultrassonografia antenatal. Outras apresentam rim volumoso palpável secundário a obstrução provocada pela Ureterocele obstrutiva. A obstrução da uretra pode ocorrer em Ureteroceles maiores, principalmente em meninas.

Exames que devem ser realizados

Ultrassonografia abdominal: irá mostrar uma lesão cística intra-vesical, na parte posterior da bexiga. Poderá haver dilatação do ureter concomitantemente. Na maioria das vezes poderá ser visto um sistema coletor do rim duplicado (duplicidade pielo-ureteral completa ou incompleta).

Uretrocistografia: exame em que uma sonda é colocada dentro da uretra da criança e a bexiga é enchida com uma solução de contraste. À medida que a bexiga vai sendo cheia, a criança é submetida a imagens de RX a fim de se identificar a Ureterocele e se está havendo refluxo de urina para o rim afetado.

Cintilografia renal (DMSA/ MAG3): neste exame avalia-se a função de cada unidade renal e, em casos de rins duplicados, se a unidade que corresponde à Ureterocele é funcionante (algumas situações há perda total de função do rim). A cintilografia funcional com MAG3 permite o diagnóstico preciso da presença de obstrução do rim.

Ressonância Magnética (Uro-ressonância): Permite o detalhamento do estudo anatômico. Em casos de reconstrução do ureter e bexiga pode ser bastante útil para melhorar o planejamento cirúrgico.

Tratamento

O tratamento da Ureterocele dependerá da forma de apresentação clínica e do tipo de Ureterocele. Em geral as crianças afetadas necessitam de cirurgia.

Punção endoscópica da Ureterocele: Procedimento minimamente invasivo realizado através de cistoscopia (visualização interna da bexiga). Após anestesia geral, o cistoscópio é introduzido pela uretra o que permite ao cirurgião observar a Ureterocele. Então uma punção com agulha apropriada é feita diretamente com o objetivo de drenar o rim afetado pela obstrução. Em 90% dos casos este procedimento é resolutivo na Ureteroceles obstrutivas intra-vesicais.

Reimplante Ureteral: Nos casos de Ureterocele em que a punção endoscópica tenha sido ineficaz, ou naqueles em que exista refluxo importantes com infecções renais associadas, o reimplante cirúrgico do ureter é a opção seguinte. Esta cirurgia pode ser feita através de uma pequena incisão no abdome inferior, ou através de videolaparoscopia, onde três mínimas incisões são feitas para a abordagem da bexiga e ureter. Em geral, as crianças ficam internadas 2 a 3 dias.

Nefrectomia: Nos pacientes em situações mais graves, o polo superior do rim, que é mais comumente afetado nos casos de Ureterocele, pode perder a função completamente. Nestes pacientes, a retirada do polo superior (nefrectomia polar) deverá ser a solução terapêutica. Esta cirurgia também requer anestesia geral, mas a recuperação é rápida e em até 48 horas a criança deve ser liberada do Hospital.

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