Doenças
Crianças que perdem urina
Os distúrbios miccionais não-neurogênicos (sem lesão neurológica associada) atingem mais de 15 % das crianças que já fizeram a retirada das fraldas. Apresentam-se nos consultórios pediátricos com variadas manifestações clínicas. Os médicos devem estar muito atentos às crianças com qualquer queixa de disfunção do trato urinário inferior, como infecções urinárias de repetição, refluxo vésicoureteral, episódios de perda urinária durante o dia (incontinência urinária), aumento da frequência miccional ou urgência e incontinência ou ainda enurese noturna associada a outros sintomas entre outras apresentações. Diante destas situações, a possibilidade de alguma disfunção maior deve ser considerada. A avaliação e o tratamento adequados dos distúrbios miccionais além de melhorar a qualidade de vida, evitam uma possível evolução para danos maiores, como a perda de função renal. O tratamento correto também impede que situações como a perda de urina causem prejuízos sociais ou psicológicos nestes pacientes.
As opções terapêuticas conhecidas variam de orientações de reeducação miccional que são dirigidas às crianças e suas famílias, até medidas farmacológicas, com uso, basicamente, de medicações conhecidas como anticolinérgicos. Os efeitos adversos e a baixa sustentabilidade de resposta dos fármacos fizeram com que novas modalidades terapêuticas fossem estudadas.
Novas terapias
O biofeedback e a eletroestimulação de superfície são novas opções terapêuticas para as crianças com distúrbios miccionais. O biofeedback é uma técnica desenvolvida nos anos 60 para pacientes neurológicos, mas que na prática urológica pediátrica tem pouco mais de 10 anos. Permite que a criança, primeiramente, tome consciência do funcionamento da musculatura perineal e, a partir destas informações, possa trabalhar para melhorar a qualidade do esvaziamento da bexiga. A eletroestimulação sacral transcutânea é uma técnica segura e comprovadamente eficaz* para o tratamento de crianças com bexiga hiperativa. Tem vantagens sobre os tratamentos farmacológicos, como a inexistência de efeitos adversos.
* Lôrdelo,P e cols.: J Urol. 2010 Aug;184(2):683-9